Uma vez, em sonho, fui indagado por um velho sem face e sem voz o que me me motivava a continuar.
O mais estranho é que na sua ausência de face percebi seu sorriso enigmático e no seu silêncio ouvi claramente a pergunta.
Afinal, o que me motiva a continuar? A continuar o quê?
O velhor trajava as vestes mais sujas que o abandono pode proporcinonar. Estávamos numa cidade completamente vazia e desconhecida em que tudo era preto-e-branco, exceto um pequeno e verde louva-deus que estava ocupado demais rasgando uma folha para responder-me o questionamento.
Os prédios pareciam fincar-se no céu sem fim. As ruas, apesar de asfaltadas como qualquer outra, eram tão limpas que eu poderia jurar ter visto neu reflexo no chão.
Tudo muito calmo, muito limpo, muito sem cor, sem vida... Não consegui unir as evidências em um raciocínio. Um louva-deus, um velho absolutamente atípico, uma cidade vazia em sem vida... O que tudo isso poderia significar?
Após um tempo o velho pegou o inseto e o lançou vorazmente na boca, mastigando-o como se fosse a última refeição no planeta - e talvez fosse -, erguendo o rosto ao céu e cuspindo tudo logo em seguida.
De alguma forma, sua saliva esverdeada foi lançada com tal velocidade que parecia ter alcançado o topo de um daqueles arranha-céus, o que para minha surpresa, veio seguido de uma chuva intensa e abrupta, que dava cor e vida a tudo o que molhava.
A água foi caindo sobre o rosto do velho-sem-face dando-lhe tudo o que lhe fora retido, fazendo assim surgir um rosto plenamente perfeito de um jovem rapaz.
A água desceu rápida e impiedosamente pelo resto de seu corpo rejuvenecendo-o por inteiro.
Tudo agora tinha cor. O recém-aparecido jovem movia sua boca e não conseguia entender nada. Via seus traços faciais mas, não identificava nem um som.
Não compreendi o que quis dizer este sonho, mas, acordei como se nada tivesse acontecido. Estou tentando ainda entendê-lo, porém, prefiro acreditar em sonhos mais objetivos.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
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